terça-feira, 17 de dezembro de 2013

[Coluna] Brand-Me

Vamos ser francos: faz mal ter uma marca de fora da cena skate patrocinando atletas, eventos e se utilizando do skate como forma de se mostrar ao público?

Cada vez mais marcas inserem o longboard em suas peças publicitárias (bancos, construtoras, fabricas de automóveis, etc), a televisão mostra o longboard em filmes, novelas e folhetins, grandes publicações em revistas comerciais traçam um perfil do longboarder de uma forma rasa e equivocada. Com isso, a imagem do longboard vai se firmando na cabeça do grande público. Mas que imagem é essa?

O incauto talvez se pergunte o que há de mal nisso? Tudo e nada. 

Nenhuma cena se constrói sem feedback do anunciante, seja em patrocínio de um atleta ou a realização de eventos, ou qualquer outra ação que retorne ao consumidor e ao esporte. O skate está ai em todos os lugares e é visto pelos anunciantes como uma imagem positiva à ser passada ao público, apresentando um lifestyle altamente vendável. Estamos no alvo da moda.




Inserir um longboard em uma foto ou uma novela, o relaciona diretamente ao sujeito (a), que está ali segurando o longboard e passando uma imagem, uma mensagem. Os profissionais da propaganda são hábeis em vestir e colocar os adereços "certos" ao fazer uma peça publicitária, e de certa forma aí reside a maior parte do problema. 

O rótulo atual, não representa o longboard como um todo. O skate é um esporte que premia o estilo individual, isto é o que deixa o esporte tão interessante e bonito. O rótulo é apenas uma forma para dar uma imagem ao produto, deixá-lo mais vendável. Não há quem nos convença que os milhões de skaters no Brasil comprem as mesmas marcas, se vistam iguais, e escutem as mesmas músicas. 

Aproveitar o verão como forma de vender mais um lifestyle e com isso inundar o mercado com marcas piratas é fórmula antiga. O surf foi amplamente explorado, mas até o bambolê foi uma febre de verão e deixou seu inventor milionário até que outros fabricantes resolveram fazer o mesmo. Nos preocupa o comércio que se aproveitará das reportagens e das festas de fim de ano para vender produtos de baixíssima qualidade, deixando skaters iniciantes à mercê da frustração dessa primeira experiência, já que o skate não corre, não vira, não manobra. Não foi aquilo que ele idealizou vendo vídeos ou com um amigo no role. 

Triste ver isso acontecendo com o longboard, que possui pessoas e marcas interessadas não no lucro rápido, mas sim em criar e desenvolver a cena de uma forma coerente, com conteúdo e preocupação com o futuro do skate. Temos que manter os olhos abertos e termos critérios na hora de escolher o que vamos consumir. Apoiar empresas que nos apoiam é fundamental, portanto cuidado amigos(as) skaters. Informem-se e saibam separar os aproveitadores da cena, dos construtores da cena.




Considero importante conhecer a história das marcas, seus atletas, as matérias primas envolvidas na produção e o local aonde seus produtos são feitos. Olhar exclusivamente para o preço do produto é um erro que muitas vezes custa muito mais caro do que o montante que saiu do seu bolso.

Nosso intuito com estas palavras é transmitir aos skaters a importância de conhecer o máximo possível sobre a cena que os cerca (lojas, equipamentos, marcas, etc), e que com isso adquira o hábito de consumo consciente.